Desde o período mais antigo da história de nossa civilização, a música que é considerada tão antiga quanto a existência do homem na terra, faz parte da vida e do cotidiano das sociedades de todos os tempos. Na Grécia, a música tinha acentuada importância sendo observada como arte e como ciência fazendo parte das quatro disciplinas essenciais para a educação dos jovens. Na mitologia, Apolo era o deus da música, da poesia e da medicina, seu instrumento era uma lira. Na filosofia, Platão considerava a música como um poderoso instrumento a influenciar os homens e por isso deveria estar sob o controle do estado (cidade). Platão citando o chinês Liu Bo We afirmava: “a música de uma época bem ordenada é calma e alegre” seu governo uniforme; a música de uma época inquieta é excitada e sombria e o governo é errado; a música de um estado decadente é sentimental e triste e o governo esta perigando”.
Quando a Grécia foi subjugada pelos Romanos, e entrou em decadência, sua música ficou sentimental e triste.
Por mais esquecido e distante que o tempo pareça, sofremos uma influencia muito forte e decisiva da sociedade grega, adotamos muitos de seus códigos e muito de sua cultura e organização social. A Bahia, primeiro porto a receber os europeus, foi quem primeiro recebeu e harmonizou-se com tais princípios e comportamentos os quais mantivemos conosco na atualidade. Tomando por base de comparação e análise do nosso atual momento musical, como seria que Platão classificaria nossa atual música? Como seria a definição que daria para nós cantores e músicos, população e nossos governantes? Será que Ele faria algum parâmetro com a atual decadência moral e nossa falta de segurança?
Não sei. Acredito que são perguntas um pouco difíceis de serem respondidas e o pior, são perguntas que não fazem parte da vontade nem da preocupação de nossa coletividade. O que se pode afirmar é que tivemos uma música muito mais rica e que valorizava o que temos de melhor e mais bonito. O que se pode afirmar com veemência é que nossos atuais valores estão a cada dia mais efêmeros e superficiais. Em nome do apelo comercial e do sucesso instantâneo nos submetemos a tudo e a todos muitas vezes sem saber se realmente este ou aquele caminho trará a realização e o retorno esperado. Agimos como manada e de cabeça baixa repetimos formulas, padrões de comportamentos que a lugar algum tem nos conduzido. Neste ciclo vicioso perdemos significativamente a força e a singular expressão que foi construída de forma tão dolorida e suada pelos cantores e artistas que nos antecederam.
A música baiana expandiu-se com expressão no cenário nacional por artistas empreendedores, gente de valor e principio que respeitava a arte e que expressava na música sua verdade integral. Uma música que era absorvida e valorizada não só pela beleza ritma e melódica do seu som, mas também pela verdade, respeito, amizade e sinceridade que transmitia o jeito típico marcante e original do povo baiano representado em cada nova produção.
Música é energia em movimento. A música alimenta a alma, influência, liberta e recarrega o espírito. Os cantores, músicos compositores são as máquinas geradoras desta energia que contaminam a coletividade. Portanto, responsáveis diretos pelos sentimentos que nascem e os comportamentos que produzem. Temos muito para colaborar! O mundo precisa de uma nova consciência voltada para valores verdadeiros que possam mostrar as massas a vida enaltecendo o amor, a liberdade, o respeito e a igualdade. Sem vulgaridade, sem libertinagem, sem apelo sexual, sem exposição do ridículo nem apologia as distorções e efemeridades. Dinheiro? Fama? Sucesso meteórico? Quem lhe disse que não esta ao seu alcance? Afinal na vida tudo é providência e nada coincidência.
Acredito em nossa força e nossa união. Juntos podemos muito mais.
Marinhho
0 comentários:
Postar um comentário